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Plano Safra traz apoio inédito à agricultura familiar: confira expectativas e desafios do setor

Movimentos comentam cenário atual, ainda marcado pela dificuldade de acesso a crédito que vigorou nos últimos anos

Plano Safra traz apoio inédito à agricultura familiar: confira expectativas e desafios do setor
mpabrasil
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O governo federal lançou, nesta quarta-feira (28), o Plano Safra da Agricultura Familiar, política focada em incentivos à produção do setor. Segundo números preliminares divulgados pelo presidente Lula (PT), serão R$ 75 bilhões em investimentos na área, com juros de menos de 10%.

O anúncio, que ainda será detalhado em uma cerimônia no Planalto do Planalto, já mobiliza a expectativa de pequenos agricultores que atuam em diferentes bases de produção.

Segundo as primeiras informações divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o pacote do Plano Safra da Agricultura Familiar para o período 2023/2024 deverá incluir compra de maquinário, incentivo a práticas sustentáveis e o lançamento de linhas de crédito voltadas especificamente para mulheres, jovens, povos e comunidades tradicionais, entre outras medidas.

Opinião semelhante tem o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que, assim como outras organizações do campo, enviou lideranças a Brasília (DF) para participarem do lançamento nesta quarta. “Depois de seis anos sem a agricultura familiar ter relevância no plano nacional de investimentos, isso significa que agora teremos mais gente produzindo alimentos no país. O programa foi muito capturado pelo agronegócio nos últimos anos, mas acho que agora é o início de uma retomada importante”, considera Anderson Amaro, da direção nacional da entidade.

Cenário

O Plano Safra do primeiro ano do governo Lula surge em um momento em que a agricultura familiar se vê ainda fragilizada pela falta de incentivos que vigorou durante a gestão Bolsonaro (2019-2022), fase em que os investimentos públicos se concentraram no agronegócio. O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), por exemplo, aponta que 70% da base da entidade não tiveram acesso ao Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), instrumento de crédito e principal braço do programa.

A organização tem 400 mil famílias assentadas pelo país, distribuídas em mais de mil associações e quase 200 cooperativas que aguardam com ansiedade os próximos passos da política agrária do atual governo, com destaque para o Plano Safra.

Destas 400 mil famílias, a entidade estima que cerca de 50% estejam atualmente endividadas em instituições como Banco do Brasil, Banco do Nordeste e outras que operam crédito rural. O índice é visto pelo segmento como um dos resultados mais diretos da falta de políticas de crédito acessíveis ao setor nos últimos anos.

Enquanto cultiva a expectativa pelo retorno dos investimentos na agricultura familiar dentro do Plano Safra, Diego Moreira, da direção nacional do setor de produção do MST, conta que também teme alguns entraves que podem prejudicar a política. Ele se queixa de falta de diálogo do governo federal com os movimentos populares do campo antes do lançamento do programa.

“Por isso eu acho que corre o risco de nós termos um Plano Safra bonito no papel e no discurso, mas com a sua capacidade operacional de acesso das famílias às políticas de crédito muito pequena em relação à necessidade que nós temos”, afirma o dirigente.

Por outro lado, o MST vê com bons olhos o anúncio de que o programa incluirá pontos como aquisição de máquinas, adoção de políticas sustentáveis e linhas de crédito para segmentos mais vulneráveis do setor. “A gente espera que essas várias medidas, que são parte do discurso do governo, de fato tenham capilaridade e nos ajudem a enfrentar os principais desafios da agricultura familiar e da reforma agrária no país”, afirma Diego Moreira.

FONTE/CRÉDITOS: mpabrasil

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