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Requião volta a prometer o fim do pedágio no Paraná

Candidato do PT afirma que fará concessões apenas para manutenção de estradas

Requião volta a prometer o fim do pedágio no Paraná
Bem Paraná
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O fim das concessões e um pedágio público, voltado apenas para a manutenção e a segurança das rodovias, se tornaram a principal proposta do ex-governador Roberto Requião, candidato do PT ao governo do Paraná, nessas eleições. Ele ainda pretende demitir as diretorias da Copel e da Sanepar, caso seja eleito, e abrir concursos públicos para a reposição de servidores nas áreas da saúde e da educação.

Aos 81 anos, três vezes governador do Estado, ex-senador e ex-prefeito de Curitiba, Requião avalia que Lula será eleito com mais de 60% dos votos válidos no dia 2 de outubro. Para o candidato do PT, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que define como um “ridículo” e um “fantoche”, não terá forças para tentar um golpe.

Bem Paraná — O senhor anunciou uma parceria com o governo federal, caso o senhor e o ex-presidente Lula sejam eleitos, para fazer um pedágio estatal. Como seria?


Roberto Requião —
 O pedágio é o maior crime já ocorrido no Brasil. O Tribunal de Contas da União afirmou que ele estava sendo cobrado cinco vezes mais do que devia. Eu fiz 42 negativas como governador contra o aumento. Eles entraram em juízo. O Ministério Público do Paraná, por incrível que possa parecer, se manifestava a favor do aumento. O Ministério Público Federal, esse do Deltan Dallagnol, também. Daí ia para um juiz que determinava o aumento e a sentença nunca ia para a turma. E logo depois eles pediam outro aumento. Hoje, todo mundo sabe que é um roubo. O Ministério Público Federal fez um acordo de leniência e o Ratinho tira fotografias ao lado das obras de R$ 1 bilhão derivadas de um acordo de leniência de um roubo no conjunto de R$ 10 bilhões, segundo os técnicos da Assembleia Legislativa. O contrato previa, depois de um determinado tempo cobrando uma tarifa, que a concessionária era obrigada a fazer uma duplicação ou um viaduto. Eles aumentavam a tarifa em razão da obra feita, mas a obra nunca foi feita. O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) não abria a boca e a agência reguladora não abria a boca.

 

BP — E o que pode ser feito?
Requião —
 Temos que acabar com o concessionário nesse processo. O Adam Smith, que é o dono da ideia do liberalismo no mundo, nunca admitiu o pedágio. Por que ter um pedágio quando o estado poderia fazer diretamente? O lucro do intermediário consome uma boa parte do dinheiro da tarifa. Eu gostaria de não ter pedágio, mas eu não sei como vão ficar as finanças do Paraná depois de todas essas benesses e da regressão do nosso crescimento industrial. Proponho um pedágio público, sem concessionárias. Podemos contratar empresas através de licitação, mas para fazer a manutenção, fazer consertos, manter ambulâncias e reboques. Vamos enfrentar um processo de recessão terrível do Brasil, não podemos ter o pedágio pressionando o aumento do custo de vida. O Lula topou. Temos estradas federais e estaduais, sem o governo federal nós não vamos resolver nada disso. O novo pedágio é um roubo, acrescenta 15 praças, eles dizem. Não é. Eles cederam todas as estradas para o governo federal, poderão ser 115 praças. Terá onde houver a possibilidade de lucro dos concessionários, mas não teremos no pedágio estradas de penetração, para Cerro Azul, por exemplo. Porque elas jamais darão o lucro que os concessionários querem. Faremos um convênio, como tivemos até agora. Hoje eles estão se escondendo para não serem desmoralizados no processo eleitoral. Estão fazendo o que o (Jaime) Lerner fez comigo lá atrás, baixou o pedágio pela metade, por decreto, depois que ganhou a eleição, subiu 100%.

DISPUTA

‘Pesquisa você escolhe a que quiser’
Bem Paraná — O Estado pode buscar um ressarcimento para as perdas do pedágio?
Roberto Requião —
 É obrigatório. Temos que ir para a Justiça e não fazer o que Deltan Dallagnol fez, de R$ 10 bilhões ele fez um acordo de leniência de R$ 1 bilhão. A gente tem que ir fundo nesse processo. Não estou acusando o Judiciário como um todo, mas um juiz dava uma liminar e a decisão nunca ia para a turma do Tribunal. O Ministério Público do Estado e o Ministério Público Federal concordaram com a patifaria. Não vão gostar que eu diga com a patifaria, mas o que era um aumento em cima de uma obra que não foi construída? Era uma patifaria.

BP — A última pesquisa IPEC mostrou que Lula reverteu parte da vantagem que Bolsonaro tinha no Sul do país. Qual a sua avaliação?
Requião —
 O Lula vai ganhar com 60% dos votos válidos em todo o país. Ele é um processo de crescimento intelectual e de participação constante. O Lula que eu apoio hoje não é o ex-presidente, é o sujeito que sabe porque o PT foi agredido: para venderem a Petrobras, para venderem a Eletrobras, para tirarem os direitos do trabalhador e povo, para ferrarem as empresas brasileiras e internacionalizarem a economia. Ele é um nacionalista necessário para o Brasil nesse momento.

BP — O senhor costuma criticar as pesquisas, mas elas indicam uma vitória de Ratinho Júnior no primeiro turno. Como o senhor vê o quadro?
Requião —
 As pesquisas dizem que o Alvaro Dias tem 15 pontos a mais que o Sergio Moro (na disputa pelo Senado), no dia seguinte o Sérgio Moro publica outra pesquisa registrada dizendo que ele ganha. Você escolhe o que você quiser. Eu tenho um bloqueio, tenho 84 candidatos a deputado federal, estadual e senador. O Ratinho tem 854, tem todos os prefeitos do Paraná e eu não tenho nenhum que se declare ao meu lado.

Bem Paraná — Uma parcela do eleitorado parece ter algum receio em relação ao seu nome, por causa de ações, digamos, mais incisivas, como naquela entrevista coletiva após a sua reeleição para o governo, em 2006, ou o episódio em que o senhor teria torcido o dedo de um repórter. O que o senhor tem a dizer?
Requião —
 O dedo do repórter? Ele me bateu na boca com o gravador três vezes, estava quebrando o meu dente. Me acusaram (na eleição de 2006) de tudo e depois foram tentar puxar o saco do governador.

FUNCIONALISMO

‘Ratinho Jr privatizou parte da educação no Paraná’
Bem Paraná — O senhor tem falado em demitir as diretorias de Copel e Sanepar, caso seja eleito.
Roberto Requião —
 Eu assumo e ponho na rua toda essa gente que está entregando a Copel para o mercado e os acionistas minoritários. Anunciam que são grandes administradores e que os lucros das empresas são fantásticos, mas são fantásticos em cima do roubo da tarifa sobre o povo do Paraná, as famílias e as empresas. A Copel foi feita para eletrificar o Paraná, com preços módicos, e viabilizar a industrialização. Eles não sabem o que estão fazendo.

BP — Em relação à educação, há reclamações sobre o grande número de contratados via PSS (Processo Seletivo Simplificado) e o fim dos funcionários de escolas. Seu plano fala em realizar concursos de forma geral, mas não especifica para quais áreas.

Roberto Requião — O PSS é uma solução emergencial. Temos que fazer concursos. O Ratinho privatizou os funcionários de base da educação, a folha de pagamento deles custava R$ 300 milhões e agora subiu para R$ 500 milhões. Os funcionários continuam com um salário miserável e (o serviço) ganhou o intermediário. É a cabeça liberal. Na saúde também. Montei um hospital para crianças em Campo Largo, tem UTI e tem leitos, só não tem médico e enfermeiro. Eles querem privatizar a saúde, entregar para uma instituição privada ganhar dinheiro.

BP — Em relação à segurança, o senhor defende o policiamento comunitário. Mas como o senhor pretende enfrentar a violência policial?
Requião —
 Vou fazer o que eu já fiz. Tem que ser uma polícia preventiva, não repressiva. O governo do estado e o governo federal veem a polícia como um órgão de repressão, para ser mobilizado contra as manifestações populares e corporativas que pedem seus direitos. Professores, médicos, trabalhadores de fábrica são agredidos pela polícia, quando a polícia deveria garantir a manifestação. Quero o projeto Povo frequentando os bairros, conhecendo a população. A Patrulha Escolar, interagindo com professores, pais e alunos. A Patrulha Rural, o fim da polícia repressiva. O governo tem criado batalhões e não tem colocado mais policiais. Os batalhões imobilizam a polícia, vai um bando para a cozinha, outro bando para o almoxarifado, e tira a polícia da rua. Quero a Polícia Militar preventiva e a Polícia Civil investigativa. Não existe policiamento, mas existem tropas treinadas para reprimir o direito de manifestação do povo.

 
FONTE/CRÉDITOS: Bem Paraná

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