Liberdade FM - 87,9

(45) 988047800

Geral

Recuperação do emprego perdeu força no Brasil em 2022, diz OIT

Os dados divulgados revelam que as múltiplas crises globais estão causando uma deterioração acentuada na recuperação do mercado de trabalho global

Recuperação do emprego perdeu força no Brasil em 2022, diz OIT
ONU Brasil
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

Depois de um período de certa recuperação na segunda metade de 2021, o mercado de trabalho no mundo volta a sofrer e a crise do desemprego ganha força em 2022. No caso brasileiro, o ritmo da recuperação registrada no final de 2021 deu sinais de perdeu fôlego no início de 2022. Inflação e o abalo no mercado chinês pesaram para o setor no Brasil e no restante da América Latina.

Dados divulgados nesta segunda-feira pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) revelam que as múltiplas crises globais estão causando uma deterioração acentuada na recuperação do mercado de trabalho global, com desigualdades crescentes dentro e entre países.

Segundo a OIT, após ganhos significativos durante o último trimestre de 2021, o número de horas trabalhadas globalmente caiu no primeiro trimestre de 2022. A taxa ficou 3,8% abaixo do patamar que existia antes da pandemia. Ou seja, o quarto trimestre de 2019. Isto é equivalente a um déficit de 112 milhões de empregos em tempo integral.

"A recuperação do mercado de trabalho global entrou em um caminho inverso. Uma recuperação desigual e frágil foi tornada mais incerta por uma combinação de crises", disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

"O impacto sobre os trabalhadores e suas famílias, especialmente no mundo em desenvolvimento, será devastador e poderá se traduzir em deslocamentos sociais e políticos", afirmou.

Os números publicados nesta segunda-feira representam uma redução significativa dos números publicados pela OIT em janeiro de 2022. Naquele momento, o déficit de empregos em tempo integral era de 70 milhões. Para o segundo trimestre do ano, o déficit vai continuar a aumentar, chegando a 123 milhões de empregos.

Recuperação brasileira perde fôlego

No caso brasileiro, a OIT destaca que a tendência de criação de postos de trabalho no final de 2021 dá sinais de perder fôlego. No último trimestre de 2021, o número de horas trabalhadas no país ficou 1,7% acima do patamar que existia quando a pandemia começou, em março de 2020. O trimestre havia sido o primeiro a mostrar números positivos, o que equivaleria a 1,29 milhão de empregos.

No primeiro trimestre de 2022, o resultado continua sendo positivo. Mas o que chama a atenção é que aponta para uma reversão, ainda que marginal, da tendência. Segundo a OIT, o número de horas trabalhadas ficou 1,6% acima dos patamares pré-pandêmicos, o equivalente a 1,16 milhão de postos de trabalho, abaixo da taxa do final de 2021.

A taxa é bem melhor que os 27% de queda no segundo trimestre de 2020 e que registrava um déficit de 20 milhões de postos de trabalho. Ao longo dos meses, a situação dramática foi sendo reduzida. Mas, pela primeira vez, a tendência mudou de direção.

Para a OIT, dois elementos pesaram nos resultados do Brasil e da América Latina. Um deles foi a volta do confinamento em cidades chinesas, afetando uma vez mais o comércio e as redes de abastecimento. Um segundo impacto foi o da inflação, ameaçando a recuperação do mercado de trabalho. A entidade estima que o ano de 2022 será "difícil" para a América Latina e a recuperação dos últimos meses pode ser desfeita.

No resto do mundo, o cenário também não é positivo. "Múltiplas crises globais novas e interligadas, incluindo a inflação, turbulência financeira, dívida e ruptura da cadeia de fornecimento global - exacerbada pela guerra na Ucrânia - significam que há um risco crescente de uma maior deterioração das horas trabalhadas em 2022, bem como um impacto mais amplo nos mercados de trabalho globais nos próximos meses", alertou a OIT.

Segundo a OIT, a agressão russa contra a Ucrânia já está afetando os mercados de trabalho na Ucrânia e em outros mercados.

"Impulsionado por perturbações na produção e no comércio exacerbadas pela crise da Ucrânia, o aumento dos preços dos alimentos e das commodities está prejudicando gravemente as famílias pobres e as pequenas empresas, especialmente as da economia informal", alertou a OIT.

O relatório também constata que uma grande e crescente divergência entre economias mais ricas e mais pobres continua a caracterizar a recuperação. Enquanto os países de alta renda experimentaram uma recuperação em horas trabalhadas, as economias de baixa e média-baixa renda sofreram retrocessos no primeiro trimestre do ano com uma diferença de 3,6% e 5,7%, respectivamente, quando comparadas com o patamar pré-pandemia. "Estas tendências divergentes provavelmente se agravarão no segundo trimestre de 2022", disse.

Em alguns países em desenvolvimento, os governos estão cada vez mais limitados pela falta de espaço fiscal e pelos desafios de sustentabilidade da dívida, enquanto as empresas enfrentam incertezas econômicas e financeiras e os trabalhadores continuam a ficar sem acesso suficiente à proteção social.

Renda ainda não foi recuperada

Segundo a OIT, mais de dois anos após o início da pandemia, os trabalhadores continuam a sofrer os impactos da crise.

"A renda do trabalho ainda não se recuperou para a maioria dos trabalhadores. Em 2021, três em cada cinco trabalhadores viviam em países onde a renda do trabalho não havia retornado ao nível observado no quarto trimestre de 2019", disse a entidade.

A diferença entre homens e mulheres também se aprofundou. No primeiro trimestre de 2022, a diferença global de gênero em horas trabalhadas foi 0,7 pontos percentuais maior do que o valor de referência pré-crise, de 2019, quando já havia uma grande brecha de gênero.

"As mulheres em empregos informais foram as mais afetadas. E, em termos de grupos de renda, os países de renda baixa e média viram o maior aumento da disparidade entre os gêneros", disse.

 

 

FONTE/CRÉDITOS: UOL
Comentários:

Veja também

Envie sua mensagem e participe da nossa programação!