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Pesquisadores investigam inscrição em pedra com data da Guerra do Paraguai

‘Assinatura’ na chamada ‘pedra escrita do Iguaçu’, encontrada às margens do Rio Iguaçu, pode ter sido feita por tropas de embarção

Pesquisadores investigam inscrição em pedra com data da Guerra do Paraguai
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Uma pedra encontrada em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, conecta pela primeira vez a região da tríplice fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai à Guerra do Paraguai. É o que revela o historiador e arqueólogo Pedro Louvain.

O conflito, também chamado de Guerra da Tríplice Aliança, é considerado o maior e mais sangrento da América do Sul. A disputa começou em 1864 e durou até 1870. De um lado Brasil, Argentina e Uruguai e, do outro, o Paraguai.

O item com a inscrição “Vapor Brazil. Greenhalgh. 23/9/1869” foi localizado às margens do Rio Iguaçu, a poucos metros da fronteira fluvial do Parque Nacional do Iguaçu, após relato de populares.

A “pedra escrita do iguaçu” tem cerca de um metro de comprimento, três de altura e pesa cerca de sete toneladas.

Segundo Louvain, a recente descoberta indica que houve a passagem da embarcação “Greenhalgh” e que a escrita na pedra foi feita, muito provavelmente, pelos tripulantes que passaram pelo local.

“Está escrito nela Vapor Greenhalgh, Brasil Com Z, em uma datação que é 23 de setembro 1869, inclusive tem duas letras que são ‘e’ e ‘p’ que possivelmente podem significar ‘Exército de Pedro”, afirmou.

 

A pedra foi encontrada em uma expedição organizada pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio).

As duas instituições têm um projeto de museologia que está fazendo um inventário dos bens histórico culturais do Parque Nacional do Iguaçu.

“Através de um estudo de datação relativa, através de fontes históricas, nós constatamos que de fato teve um vapor com esse nome, que lutou na Guerra do Paraguai e que passou de fato nessa região e existia um certo hábito de algumas embarcações de desembarcar em tropas e fazerem inscrições em pedras por locais que tenham passado”, explica Louvain.

Antes da descoberta, a cidade de Jataizinho, no norte do estado, era uma das únicas conexões diretas do conflito com o estado do Paraná. O município serviu de colônia militar na guerra.

De lá, os barcos saiam pelo Rio Tibagi com armas e mantimentos rumo ao Mato Grosso do Sul, que também faz divisa com o Paraguai.

Pedra guarda inscrição de 1869 e comprova a passagem de embarcação da Guerra do Paraguai pelo oeste do PR — Foto: Unila

Conforme parecer do historiador Micael Alvino da Silva, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), ainda é necessária pesquisa mais aprofundada para compreender qual era a missão na embarcação que passou pela região.

“No momento, com as fontes disponíveis da Marinha do Brasil, podemos concluir que a canhoneira Greenhalgh estava nos rios próximos da Tríplice Fronteira durante aquele ano de 1869. Permanece desconhecida qual missão que a tripulação recebeu e que os levou ao Rio Iguaçu e, consequentemente, ao registro da Pedra Escrita do Iguaçu”, diz documento.

De acordo com o parecer, a embarcação carrega o nome do herói João Guilherme Greenhalgh, “caído da Batalha Naval do Riachuelo (11 de junho de 1865)”.

Ainda segundo o parecer, o barco pertenceu à Armada Imperial do Brasil, atual Marinha do Brasil, e foi colocado à serviço do país em 19 de março de 1865. No ano seguinte, diz o documento, foi usado na Guerra no Paraguai e depois na Flotilha do Alto Uruguai.

Riscos à conservação

Segundo o arqueólogo Pedro Louvain, o ponto exato onde a pedra foi encontrada não foi informado para tentar proteger o item de vândalos. Porém, ele afirma que até mesmo fatores naturais podem oferecer risco à preservação do material histórico.

Ele afirma que foi cogitado pedir a remoção da pedra do local. No entanto, o arqueólogo explica ser necessária a aprovação da Marinha do Brasil e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“Isso teria que ser medido, as vantagens e desvantagens. Então, por exemplo, se vale à pena mantê-la na sua ambiência original ou se valeria à pena deslocá-la para lugar que fosse mais acessível para comunicar a público mais amplo e que pudesse possibilitar a sua preservação.”

FONTE/CRÉDITOS: portalrondon
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