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Erradicar pobreza global requer R$ 8,4 tri por ano, diz estudo

Investimento equivale ao PIB do Brasil e traria retorno ao setor privado segundo trabalho do Citi e de Oxford

Erradicar pobreza global requer R$ 8,4 tri por ano, diz estudo
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Estudo elaborado pelo Citi em parceria com a Universidade de Oxford aponta a necessidade de investimentos no valor de US$ 1,6 trilhão por ano —R$ 8,4 trilhões, o equivalente ao PIB (Produto Interno Bruto) anual do Brasil— para eliminar os problemas que estão na raiz da pobreza mundial.

O trabalho usa como base o Índice de Pobreza Multidimensional (MPI, na sigla em inglês) global, produzido pelo Pnud (órgão das Nações Unidas) e pela Universidade de Oxford.

Em outubro do ano passado, o relatório apontou que em 109 países, onde vivem 5,9 bilhões de pessoas, 1,3 bilhão pode ser considerado pobre diante de métricas como acesso a saneamento, educação, saúde, energia e habitação —4,2 bilhões têm pelo menos uma dessas carências.

O novo estudo também estima que os investimentos usados no combate à pobreza podem ter grande impacto no crescimento econômico por meio de efeitos multiplicadores significativos.

No acesso à água e ao saneamento, o investimento anual de US$ 79 bilhões é multiplicado por 5,5.

Segundo os responsáveis pelo trabalho, os investimentos nessas áreas têm um retorno significativo em termos econômicos, além dos óbvios benefícios sociais.

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"Se realizado corretamente, o efeito multiplicador do capital empregado em muitas dessas medidas também pode fornecer um estímulo ao crescimento", diz o relatório "Eliminando a Pobreza", que é uma parceria entre o Citi e a Sophia Oxford, empresa social da universidade de mesmo nome.

Segundo os autores, a erradicação da pobreza deve ser um objetivo também da comunidade empresarial e financeira, pois pode impulsionar o crescimento econômico e levar a uma força de trabalho maior, mais educada, mais saudável e mais engajada. Além de aumentar o poder de compra do consumidor, gerando fontes inteiramente novas de clientes e demanda, "um círculo virtuoso tanto social quanto econômico".

"Não devemos ver a erradicação da pobreza como um dever puramente moral que tem um grande custo financeiro. É também uma enorme oportunidade financeira e social", diz Andrew Pitt, chefe global de pesquisa do Citi Institutional Clients Group.

As abordagens tradicionais de linha da pobreza ligada à renda, que deixam de lado outras questões de acesso a melhores condições de vida, apontam um número de pobres. Em 2017, havia 689 milhões de pessoas abaixo da linha internacional do Banco Mundial de US$ 1,90 por dia – o que equivale a quase uma em cada dez pessoas no planeta. Em 1990, o problema afetava 36% da população global na época, quase 2 bilhões de pessoas.

Já o Índice de Pobreza Multidimensional mostra que em 2018 cerca de 773 milhões de adultos foram classificados como analfabetos. Em 2019, 771 milhões de pessoas ainda não contavam com eletricidade e 2 bilhões não tinham acesso a saneamento básico.

"A pobreza não é um problema de nicho, isolado ou específico. Ela está ao nosso redor, assume muitas formas, por exemplo, educação, saúde, emprego e ativos, e ainda flagela muitas vidas", diz Jamie Coats, presidente e CEO da Sophia Oxford.

De acordo com o trabalho, a ascensão do investimento sustentável, responsável e de impacto é outro aspecto favorável para direcionar capital para a erradicação da pobreza.

Há hoje cerca de US$ 35 trilhões em investimentos ligados aos princípios ESG, sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança.

"O capital está lá e não só quer investir de forma sustentável, mas quer demonstrar como está investindo de forma sustentável", diz o relatório.

A tarefa da comunidade financeira é mobilizar esse capital criando veículos de investimento adequados, como títulos sociais e de sustentabilidade que podem ajudar mercados emergentes a acessar o capital necessário para combater a pobreza.

"Quantas vezes nos deparamos com uma oportunidade de investimento na casa dos trilhões de dólares, com o dinheiro pronto, retornos atraentes e efeitos multiplicadores em oferta, que podem trazer benefícios imensuráveis para a sociedade e melhorar drasticamente a qualidade de vida de bilhões de indivíduos ao redor o mundo? O combate à pobreza representa exatamente essa oportunidade.", diz o relatório.

FONTE/CRÉDITOS: Folha de S.Paulo
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